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Mostrando postagens de setembro, 2008

Dores Agudas

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Ricardo Gondim Não me ressinto pelo que já sofri. Não me inquieto com a angústia que me assedia. Não esperneio, não fujo, não reluto, com o desespero que ainda vai chegar. (Deus teve apenas um filho sem pecado, mas nenhum sem sofrimento). Depois de mais de meio século de vida, descobri, finalmente, o que me magoa. Querer repartir verdades que me entusiasmam e perceber que produzo inquietação. Não encontrar ouvidos interessados nas descobertas que iluminam a minha alma. Sentir-me estrangeiro entre antigos irmãos. Ofertar o melhor do meu coração e acabar sob suspeita de ser manipulador. Tentar fazer o bem e ver-me odiado. Não conseguir transformar vaidade em admiração, coleguismo em amizade, bajulação em honra, ousadia em sensibilidade e zelo em delicadeza. Saber que me retalharam junto com a pizza do domingo. Saber dos boatos que pessoas más inventaram e não ter como desmenti-los. Perder possíveis irmãos porque fui infeliz com uma palavra mal escrita ou com uma colocação tempestiva em a

O que o cristianismo é

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NO ANO 180 o mártir Speratus respondeu ao cônsul Saturnino que lhe perguntara o que era o cristianismo: "Si tranquillas praebueris aures tuas, dico mysterium simplicitatis". Traduzindo: "Se mantiveres os ouvidos atentos, revelar-te-ei o mistério da simplicidade". (Leonardo Boff em " Experimentar Deus " - Verus Editora, p.141)

Sexo e espiritualidade

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Será que podemos substituir de forma tão direta um impulso (o da união espiritual) por outro (o da união física)? Duvido disso. Afinal, no jardim do Éden, quando Adão tinha perfeita comunhão espiritual com Deus, mesmo naquela época sentiu solidão e anseios que não encontraram alívio antes de Deus criar Eva. Em vez de contrapor a sexualidade à espiritualidade, uma rivalizando com a outra, eu as vejo profundamente relacionadas. Quanto mais observo a obsessão de nossa sociedade com a sexualidade, mais percebo nisso uma sede de transcendência. (...) Quando a sociedade obstrui de forma tão abrangente a sede humana por transcendência, devemos nos surpreender que tais anseios se redirecionem para uma expressão de mero apego ao físico? Talvez o problema não seja que as pessoas estejam se despindo, mas que elas não estejam se despindo o suficiente: paramos na pele em vez de ir mais fundo, de ir até a alma. (Philip Yancey em " Descobrindo Deus nos lugares mais inesperados ", pág. 26-27

O dia D

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Weslei Odair Orlandi Tenho para mim que a maior lição que a China ensinou para o mundo na realização dos jogos olímpicos de 2008 foi sobre como preparar-se bem para o dia de um grande evento. Desde a meticulosa construção do deslumbrante Ninho dos pássaros até os mais imperceptíveis detalhes, nada escapou do golpe de vista chinês. A necessidade de provar para o mundo sua capacidade de superação histórica e seu potencial para lidar com grandes desafios levou-os quase à perfeição. No entanto, as olimpíadas passaram e os elogios à China também. Todavia, nós, Igreja de Jesus, continuamos os preparativos para o grande evento que na linguagem bíblica recebe, ora o nome de “Aquele Dia”, “Último Dia”, “Dia do Fim”, ora “Dia do Senhor”. Como cristão creio que Deus está no controle de tudo, não porque manipule os processos históricos o tempo todo, mas porque tem poder e autoridade para intervir quando, onde e da forma que quiser. Para mim, três elementos são indiscutíveis: a história caminha em

Cegueira branca

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Weslei Odair Orlandi Esta semana chega aos cinemas do Brasil a versão cinematográfica do livro “Ensaio sobre a cegueira”, escrito pelo Nobel de literatura José Saramago. A história baseia-se numa tal “cegueira branca” que atinge primeiro os moradores de uma cidade não identificada e que, lentamente, se espalha país afora. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos à obscuridade, a meros seres lutando por seus instintos. Desde que tomei esse livro em minhas mãos pela primeira vez e o li, lembrei-me de Laodicéia, a sétima igreja mencionada por João no Apocalipse. Infelizmente não sabemos se essa igreja usou o colírio prescrito por Jesus para recobrar a sua visão, entretanto sabemos com certeza que ela estava sofrendo de uma grave patologia comunitária – um tipo (infelizmente) não muito raro de cegueira coletiva. Apesar de ser uma igreja importante na Ásia, os cristãos de Laodicéia estavam enfermos e nem se davam conta disso. Faltava-lhes a capacidade de perceber com clareza o seu verdade