GUIADOS PELA NUVEM

“Quando a nuvem se erguia de sobre a tenda, os filhos de Israel se punham em marcha; e, no lugar onde a nuvem parava, aí os filhos de Israel se acampavam.” Números 9.17 ...................................... Você consegue imaginar a vida sem um sistema moderno de navegação? Imagine uma nave espacial, um avião, um navio, um aventureiro na selva ou um motorista numa grande cidade completamente desorientado! Segundo a Revista Globo Ciência “sem a bússola, os antigos navegadores se orientavam somente de forma visual, com base, essencialmente, na consulta aos astros, incluindo o Sol e as estrelas como balizadores de suas rotas. A partir do século XV, o uso da bússola tornou-se essencial para viabilizar os grandes descobrimentos, sendo na época instrumento obrigatório para a navegação em alto-mar. Nos dias de hoje, caso queira se achar com rapidez e segurança em qualquer parte do mundo, basta ter em mãos um equipamento chamado GPS. Seja no celular, ou em pequenos aparelhos automotivos, a popularização do GPS tornou a orientação de rotas na primeira década do século XXI mais precisa, sendo empregado em diversos segmentos, desde o rastreamento de veículos à navegação tradicional.” Durante a peregrinação no deserto Israel, como qualquer viajante, precisava de orientação. Ali, sem estradas sinalizadas, sem um mapa e sem um guia experiente, as chances de se perderem e nunca chegarem ao destino seria altíssima. Deus, porém, não os deixou à deriva. De acordo com a Bíblia no dia em que o tabernáculo foi erigido, Deus deu a eles um sistema inédito e exclusivo de navegação: uma nuvem que a partir dali tornou-se companheira inseparável de toda a nação. De dia, a nuvem cobria o tabernáculo, e, de noite, havia aparência de fogo. Se ela se movesse – e para onde se movesse – Israel levantava acampamento e partia; se ela se detinha, então eles também se detinham. Isso foi assim, durante todo o percurso nas areias quentes do deserto de Sin, até que finalmente chegaram ao seu destino. Hoje, embora a nuvem já não exista mais e o povo de Deus não caminhe como eles caminharam, a peregrinação continua e também precisamos de contínua direção. Quando estudamos a presença da nuvem e como ela orientou a nação peregrina somos presenteados com princípios valiosos sendo, o primeiro deles, o princípio da obediência. Números 9.18 diz que “segundo o mandado do Senhor, os filhos de Israel partiam e, segundo o mandado do Senhor, se acampavam”. Nada substitui a bênção da submissão a Deus e sua direção hoje tão acessíveis e facilmente adquiridos por intermédio da Palavra, da oração e do Espírito Santo. Davi, no Salmo 25.12 afirma que “aos que temem ao Senhor, ele o instruirá no caminho que deve escolher”. Isso não significa cerceamento da livre-escolha, repressão à liberdade ou qualquer espécie de encabrestamento tirano e totalitário, mas cuidado especial, amoroso e sábio de quem sabe o que é melhor, mais seguro, mais prudente e menos acidentado. O propósito de Deus é “instruir-nos e ensinar-nos no caminho que devemos escolher, sem que para isso tenhamos de ser como o cavalo ou a mula, sem entendimentos, os quais com freios e cabrestos são dominados”, Salmo 32.8-9. O segundo princípio que aprendemos com a presença da nuvem é o princípio da paciência, espera e dependência, uma tríade de virtudes poucas vezes apreciadas, mas indiscutivelmente necessárias e positivas. De acordo com o Rev. Hernandes Dias Lopes “paciência é a capacidade de suportar e/ou lidar com circunstâncias difíceis enquanto que longanimidade é a capacidade de ser paciente e saber lidar com pessoas difíceis”. Imagino que para o povo de Israel que tantas vezes sonhou com a conquista da Terra Prometida ter de esperar pelo movimento da nuvem dependendo dela para se locomover não era tarefa fácil: “às vezes, a nuvem ficava [parada] desde a tarde até a manhã; às vezes se detinha sobre o tabernáculo por dois dias, ou um mês, ou por mais tempo; mas erguendo-se ela, partiam”, Números 9.21-22. Um verdadeiro teste de paciência, espera e resignação. Como é difícil ter paciência, depender e esperar. Esperar pela vida adulta, esperar pelo namoro, pelo casamento, pelos filhos, pela estabilidade financeira, pela casa própria, esperar pelo tempo. Ter paciência e esperar é um vestibular exigente onde poucos são aprovados, mas com disse Henry W. Longfellow: “tudo chega para quem sabe esperar”, isto é, os aprovados jamais se arrependerão. É no exercício da paciência, da espera e da dependência que estão as sementes mais preciosas das experiências, bênçãos e conquistas ao lado de Deus. Ao menos foi o que disse Davi depois de um longo período de espera: “esperei com paciência pelo Senhor; ele se inclinou para mim e ouviu o meu clamor”, Salmo 40.1. O último princípio igualmente importante que aprendemos com a presença da nuvem guiando Israel é o princípio da observação e do discernimento. Assim como o piloto, o motorista e o guia precisam entender e observar as coordenadas para não se perder no caminho, também Israel a todo instante precisava olhar para a nuvem, observá-la e compreender seus movimentos. Um descuido ou análise errada e a viagem ficaria terrivelmente comprometida. Quem observa e discerne os direcionamentos da bússola não só garante viagem segura como também possui uma visão clara, realista e objetiva do que vem a seguir. No cenário espiritual da nossa peregrinação pelo mundo nada é tão necessário quanto sabermos para onde, quando e como Deus quer nos conduzir. Observar, aguardar e discernir a hora, a maneira e a direção de Deus não só protegem como também previnem e facilitam. Qualquer que seja a trajetória proposta jamais se aventure no primeiro passo sem antes certificar-se de que aquele é o caminho, a hora, o jeito e a vontade de Deus.

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