Ovelhas e ovelhas


Weslei Odair Orlandi

Tomo a liberdade de parafrasear o escritor Ed René Kivitiz para dizer que há além de pastores e pastores também ovelhas e ovelhas. Não é difícil perceber isso. Basta olhar um pouco à nossa volta para chegar-se à conclusão de que existem, pelo menos, dois tipos de ovelhas no aprisco.
O primeiro tipo chamo de “ovelha-lobo”. São ovelhas corrompidas. Algumas conscientemente, outras sinceramente enganadas. São corrompidas no entendimento da Palavra. Utilizam a fé para alcançar seus objetivos egoístas, servir seus próprios interesses. Para elas Cristo é apenas um detalhe e sua mensagem um obstáculo incômodo. Vivem entre seus irmãos de fé, mas não têm sentimentos próprios de uma ovelha. No papel que representam junto aos demais conseguem enganar os menos esclarecidos. Fingem amar a Deus, mas negam-no com suas ações. Estão sempre aprendendo, mas jamais conseguem chegar ao conhecimento da verdade. Não irão longe, porém; por resistirem à verdade e à transformação que deveriam experimentar, as suas mentiras se tornarão evidentes a todos e muito especialmente no último dia, quando Jesus, o Supremo Pastor, chamar para si aqueles que lhe pertencem. Não é difícil identificar uma “ovelha-lobo”. Elas quase nunca dão ouvidos à voz do Bom Pastor, quase nunca sentem desejo de orar, evangelizar, santificar a vida, envolver-se nas causas do Reino de Deus. Enfim, nunca foram regeneradas pelo Espírito, isto é, o Espírito nunca as transformou em novas pessoas.
O segundo tipo chamo de “ovelha-ovelha”. Aquelas são lobos vestidos de ovelhas. Estas são iluminadas. Rompem a linha que nivela os mortais. São resolvidas em sua alma. Vivem no patamar que a Bíblia chama de “vida no Espírito”. Apesar das contradições e angústias da vida, Deus sabe que elas o amam e que entusiástica e conscientemente repetiriam as palavras de Dostoievski: “Caso me dissessem que Cristo não é verdade, eu diria: ‘Vai-te, verdade, pois tudo o que quero é Cristo’”. As ovelhas-ovelha são compreendidas por Deus mais do que por elas mesmas. Deus as ama de um jeito diferente pois elas o conhecem e quando um estranho aparece nunca o seguem; na verdade, fogem dele, porque não reconhecem a voz de estranhos, Jo 10:5.
Ovelhas assim nos fazem perceber a tolice de viver enganosamente. A sensação que passam é a de que Deus conta tudo para elas. São bem-aventuradas porque jamais deixam o verdadeiro caminho. Não se sentiriam confortáveis...
Ah, sim. Antes de pôr um ponto final, permita-me perguntar-lhe: “você é uma ovelha-ovelha, não é”?

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