O encontro


Ricardo Gondim



Genilson entrou no enorme salão, contou dezoito fileiras de bancos e sentou-se. O lugar estava vazio. Um silêncio aterrorizante dominava o recinto. As paredes absorviam qualquer barulho. Ninguém ultrapassou a barreira dos dezoito bancos; ninguém se sentou entre Genilson e o altar.
“O que me trouxe a este lugar?, perguntou-se. Sem nunca ter feito uma oração, participado de um rito ou lido qualquer catecismo, sentiu-se perdido. Tudo lhe intrigava: a altura do teto, a frieza do piso, a dureza do assento, a altura do púlpito, a ausência de vizinhos.
Genilson esteve vinte e dois minutos na vastidão do misterioso espaço. Sentia que um nada lhe tocava. A quietude lhe enchia daquele vazio assombroso. O temor do lugar o levantou. Caminhou arrastando os pés na direçao da entrada, agora saída. Esqueceu-se de contar os passos, desceu as escadas para alcançar a calçada.
Voltou para casa e o filho quis saber onde estivera. “Na presença de Deus”, respondeu.

Soli Deo Gloria

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