Não existem pessoas comuns.


É muito sério viver numa sociedade de possíveis deuses e deusas, lembrar-se de que a pessoa mais enfadonha e mais desinteressante com quem se pode conversar talvez um dia seja uma criatura que, se alguém soubesse disso agora, seria tentado a adorar ou, de outro modo, talvez seja o horror ou a corrupção tal como se conhecem agora somente em pesadelo, se tanto. (...) É à luz dessas esmagadoras possibilidades, é com o assombro e a cautela dignas delas, que devemos pautar todos os nossos negócios uns com os outros, todas as amizades, todos os amores, todos os divertimentos e todas as políticas. Não existem pessoas comuns. Vocês jamais conversaram com alguém que fosse um simples mortal. As nações, as culturas, as artes, as civilizações - todas essas coisas são mortais, e a vida deles comparada com a nossa é como a vida de um mosquito. Mas é com imortais que brincamos, trabalhamos e nos casamos; são imortais aqueles a quem insultamos e a quem exploramos - horrores imortais ou esplenderos eternos. Isso não quer dizer que devemos ser perpetuamente solenes. Precisamos brincar. Nosso divertimento, porém, deve ser do tipo daquele que existe entre pessoas que levam, desde o início, umas às outras a sério (e, na verdade, esse é o tipo mais feliz) - sem desrespeito, sem superioridade, sem presunção.


(C.S. Lewis em "O peso de glória", pág. 48-49 - Ed. Vida)

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