Como será morrer.
Ouvi de um ancião, dias antes de sua morte, as seguintes palavras: "Não tenho medo da morte; tenho medo de morrer".
Essas palavras ditas por alguém que estava frente a frente com o fim soaram fortes aos meus ouvidos. Ele já se foi. Eu e você iremos um dia.
Essas palavras ditas por alguém que estava frente a frente com o fim soaram fortes aos meus ouvidos. Ele já se foi. Eu e você iremos um dia.
Antes disso, hoje, inspiro-me em Fernando Pessoa e peço-lhe licença para no curso de seu brilhantismo tentar suavizar em palavras o que penso sobre a amedrontadora certeza de que a morte chegará. Seu texto original é um pouco diferente e segue outros caminhos. A essência é dele. As ideias também. A ousadia de tentar imitá-lo é minha.
Licença concedida, eis o que penso sobre como será morrer:
"Para mim morrer será adormecer na varanda. Cansado, entregue e vulnerável, meu Pai virá, pegar-me-á em seu colo e me levará para dentro de sua casa. Despir-me-á das roupas surradas e humanas, deitar-me-á em sua cama macia. Cantarolando baixinho não deixará meu sono fugir. Acariciando meu rosto me contemplará ali, inerte, até que nasça o Novo Dia para eu brincar, dia que só ele saberá qual é".
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