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Possibilidades que a conversão não exclui

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Weslei Odair Orlandi Gostaria de poder dizer que o “tudo se fez novo” de 2 Coríntios 5:17 inclui também a impossibilidade de cometer novos erros na caminhada. Não posso. Pelo menos não para aqueles que ainda não se desvencilharam do invólucro terreno. É claro que Paulo estava certo ao dizer que “se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Porém, preciso fazer aqui algumas considerações. O que de fato passa e o que não passa no momento da nossa inserção mística no corpo de Cristo? A conversão a Cristo é realmente um grande mistério. Nela está a gênese do grande e maior propósito de Deus para a humanidade: resgatar em nós a imago Dei, patrimônio espiritual que perdemos em Adão. A conversão é um instante singular na vida de quem a experimenta. Num piscar de olhos, isto é, um segundo depois de sua entrega a Cristo e, pronto, as coisas velhas passam, o que era velho se faz novo, o pecador torna-se ex-pecador. Ainda que os seus pecados ...

Excerto de "A metamorfose"

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Quando certo manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto mosntruoso. (Cap. 1) (...) O grave ferimento de Gregor, que o fez sofrer mais de um mês - a maçã ficou alojada na carne como uma recordação visível, já que ninguém ousou removê-la -, parecia ter lembrado ao pai de Gregor, a despeito de sua atual figura triste e repulsiva, era um membro da família que não podia ser tratado como um inimigo, mas diante do qual o mandamento do dever familiar impunha engolir a repugnância e suportar, suportar e nada mais. (Cap. 3) (Franz Kafka em "A metamorfose", pág. 7,59 - Cia das Letras)

Borbulhar de igualdade

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Este deslocamento, que dá ao plebeu um nome "elegante", e um nome camponês ao aristocrata, nada mais é que um borbular de igualdade". (Victor Hugo em "Os miseráveis - vl. 1, pág. 168 - Ed. Martin Claret)

Figuras Suspeitas

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Essas pessoas pertenciam àquela classe bastarda, composta de gente grosseira que subiu na vida e de gente inteligente decaída, que está entre as chamadas classe média e classe inferior, e que combina alguns dos defeitos da segunda com quase todos os vícios da primeira, sem ter o generoso impulso do operário, nem a honesta ordem do burguês. Eram dessas figuras anãs, que se tornam monstruosas se por acaso forem aquecidas por algum fogo sombrio. Havia na mulher um fundo tosco e no homem um estofo de velhaco. Amnbos eram extremamente suscetíveis àquele tipo de progresso abjeto que se faz no sentido do mal. Exsitem almas que, como os caranguejos, recuam continuamente para as trevas, retrocendendo mais do que avançando na vida, empregando a experiência para aumentar sua deformidade, piorando sem cessar, e impregnando-se mais e mais com uma crescente perversidade. Aquele homem e aquela mulher eram almas assim. (...) Basta olhar para certos homens e desconfiar deles, porque logo pode-se senti-...

A vida é...

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A vida é... "A vida é uma mesa posta, com venenos mortais, pratos insossos e outros deliciosos. Alguns conscientemente escolhem veneno, achando que viver é sofrer, e ponto final. Outros comem - e vivem - sem sal. Mas há os que, quando podem, pegam as delícias da vida e assim se salvam da areia movediça da depressão". (Lya Luft em "Pensar é transgredir", Ed. Record - pág. 46)

Pensar é transgredir.

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"Quando menos se espera ele chega, o sorrateiro pensamento que nos faz parar. Pode ser no meio do shopping, no trânsito, na frente de tevê ou do computador. Simplesmente escovando os dentes. Ou na hora da droga, do sexo sem afeto, do desafeto, do rancor, da lamúria, da hesitação e da resignação. Sem ter programado, a gente pára para pensar. Pode ser um susto: como espiar de um berçário confortável para um corredor com mil possibilidades. Cada porta, uma escolha. Muitas vão se abrir para um nada ou para um absurdo. Outras, para um jardim de promessas. Alguma, para a noite além da cerca. Hora de tirar os disfarces, aposentar as máscaras e reavaliar: reavaliar-se. Pensar pede audácia, pois refletir é trasngredir a ordem do superficial que nos pressiona tanto. (...) Pensar não é apenas a ameaça de enfrentar a alma no espelho: é sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe finalmente respirar". (Lya Luft em "Pensar é transgredir...

A onda e a sombra

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Ainda não me descobri um escritor. Que pena. Falta-me berço, base e erudição. Quem escreve capta o que todos sabem, mas não conseguem dizer. Quando lemos nos tornamos parte de um mundo que nos parece familiar, mas ao mesmo tempo desconhecido. Fui afortunado nestes últimos dias ao iniciar a leitura de “Os miseráveis”, clássico mundial escrito por Victor Hugo em 1862. Sua pena foi lancinante. Suas idéias profundas e reveladoras. Em meio a tantas riquezas oriundas de sua obra, garimpei um trecho para compartilhá-lo com você. Por favor, leia essa metáfora, sem pressa, e com a alma desprotegida. (...) “Homem ao mar! Que importa? O navio não pára. O vento sopra, o sombrio navio continua em sua rota forçada e passa. O homem desaparece, depois reaparece, mergulha e volta à tona, chama, estende os braços; ninguém o ouve. O navio, estremecendo sob o tufão, está voltando a suas manobras; nem os marujos nem os passageiros vêem mais o homem submerso; sua cabeça é apenas um ponto escuro na imensidão...

Ovelhas e ovelhas

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Weslei Odair Orlandi Tomo a liberdade de parafrasear o escritor Ed René Kivitiz para dizer que há além de pastores e pastores também ovelhas e ovelhas. Não é difícil perceber isso. Basta olhar um pouco à nossa volta para chegar-se à conclusão de que existem, pelo menos, dois tipos de ovelhas no aprisco. O primeiro tipo chamo de “ovelha-lobo”. São ovelhas corrompidas. Algumas conscientemente, outras sinceramente enganadas. São corrompidas no entendimento da Palavra. Utilizam a fé para alcançar seus objetivos egoístas, servir seus próprios interesses. Para elas Cristo é apenas um detalhe e sua mensagem um obstáculo incômodo. Vivem entre seus irmãos de fé, mas não têm sentimentos próprios de uma ovelha. No papel que representam junto aos demais conseguem enganar os menos esclarecidos. Fingem amar a Deus, mas negam-no com suas ações. Estão sempre aprendendo, mas jamais conseguem chegar ao conhecimento da verdade. Não irão longe, porém; por resistirem à verdade e à transformação que deveria...

Porque não paro de ler

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Weslei Odair Orlandi Segundo André Perissé “ler é bom demais. Ler é ótimo. Ler é mais do que necessário. Enriquecedor. Imprescindível”. Por isso eu leio. Por isso eu não paro de ler. As minhas primeiras lembranças sobre livros que manuseei remontam aos meus dias de analfabetismo. Eu ainda era um incauto absoluto na arte das letras quando já me sentia dominado por uma paixão avassaladora por elas. Costumava brincar com um caderno e uma caneta, rabiscando páginas e páginas. Depois que aprendi ler e escrever, comecei usar uma placa de ferro utilizada pelo governo para anunciar suas obras para escrever com pequenos torrões encontrados no quintal da minha casa e também a escrever no ar. Aluno assíduo da escola bíblica, sempre li a Bíblia e outros livros infantis. Quando inauguraram a biblioteca pública da minha cidade, tornei-me um verdadeiro “rato”. Costumava passar horas e horas lendo. Lia tudo, desde literatura infantil até os clássicos, passando também pelas biografias, teses, poesias e...

Por falta de assunto

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Weslei Odair Orlandi Por falta de assunto, resolvi escrever. Mas escrever o quê? Assunto não falta, o que falta é saber sobre que assunto escrever. Assunto é aquilo de que se trata, que é matéria ou objeto de consideração. Assunto é aquilo que desperta interesse, que chama atenção. Resolvi escrever. Mas escrever o quê? Assunto não falta, o que falta é saber que assunto interessa quem lê. Existem muitas formas de assunto e muitos assuntos sem forma, sem informação, sem eira nem beira, que servem pra tudo menos pra ser chamado de assunto. Outro dia me vi em apuros. Encontrei-me com um amigo, desses que acha assunto e tempo pra tudo. No primeiro instante decidi que não iria agüentar muito daquela tagarelice sem fim, verborragia inútil, palavrório em cascata, mas com poucas idéias. Maquinei um jeito de escapar; disse a ele que o assunto era bom, mas que precisava ir embora. De empolgado que estava, nem me ouviu, ou se ouviu, fingiu não ouvir. Continuou falando, e falando falou até que, de ...

Pensamentos

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Weslei Odair Orlandi Fitafuso, o experiente diabo velho e tio do jovem diabo Vermebile, é apenas um personagem no imaginário da obra de C.S. Lewis, porém as palavras que foram postas em seus lábios pela habilidade excêntrica do autor em “Cartas de um diabo a seu aprendiz” deixam lições surpreendentes a todos os leitores. Num discurso zombeteiro e irônico sobre os humanos Fitafuso adverte Vermebile que o grande propósito deles não é enfiar idéias em suas cabeças, mas deixá-las de fora. O que eles querem é evitar que olhem para Deus e voltem-se para si mesmos. É engraçado como nos vemos fazendo parte desta engrenagem sutil sem que demos conta disso. O homem jamais vive à margem dos pensamentos. Descartes afirmou: “Cogito ergo sum” (Penso, logo existo); assim, existimos porque pensamos. Os pensamentos jamais podem ser aniquilados ou preteridos em nossas mentes. Precisamos, em vez de lutar para apagá-los, usar a esperteza que Deus nos deu e reorganizar nossas mentes substituindo pensamento...